quarta-feira, 29 de agosto de 2018

carme conscienciosófica carne



se esta arquitetura fosse material, seria uma escultura moderna, sem corpo, sem figura, eu seria a própria matéria, a casa heterogênea, casa silenciosa, de maneira nenhuma eu seria um lugar. se isto não fosse literatura, seria o que é e onde estaria Eu pergunto pois acho que não deveria escrever isto, no sentido do sensível, poderia ser uma plantação de uvas se fosse um lugar, poderia estar nadando em uma piscina de abóbora cabotiá, esta seria a evocação de uma parte da natureza, nossas folhas e faunas, quem sabe nascente de uma terceira filosofia que conjugue os plásticos e as tartarugas numa pororoca de argumentos e suas práticas não-empíricas. 

as novas ecologias e os brinquedos infantis me fizeram pensar, o colorido não-binário, as artes performáticas, o centro expressivo da meleca pulsante que é a sociedade brasileira, se fosse não metafísico teria uma iconografia gasosa, paradoxal como a viagem da luz, tem semelhança com o circo, nomadistas normais. o escrever é ocupar uma cabeça, habita a terra improdutiva que é a mente humana sem seu espírito, faz-se assentamento do meu raciocínio. do estruturalismo, depressão é uma doença do espaço, é um edifício flácido, o momento delicado da lagarta, é agridoce o gosto desse elevador de madeira, a cratera do meu quarto úmido, rio de cabelos, lâmina da obscuridade, dois braços esquerdos.

um escritorzinho merece uma casa sempre, uma casa eterna, casa cheia de contornos, o direito social de um cenário maravilhoso, tipo castelo rá-Tim-bum. a onomatopeia é uma forma de amar diria minha formação gramatical, um escritorzinho precisa de um apartamento com cem animais de estimação, é preciso uma multidão de pequenas existências para escrever um livro de bolso, livro de cabeceira. se me pego nas miudezas das preposições ou na rutilância da sintaxe rebuscada, é porque está morrendo este cérebro e as palavras constituem meu internato, minha unidade de tratamento intensivo. o que seria de umas palavras difíceis e avulsas senão pela generosidade de um espírito construtor, a alma de amalgama, que justifica o absurdo natural e o obsceno lirismo, o louco que escreve, tarô.

pensar em língua portuguesa é um heresia como alfabetizar crianças com palavrões. imoral cosmobiologia, a poética contemporânea brasileira disponível na internet, onça online, o futuro está nas galerias virtuais, a coisa essencial do povo latino-americano. não existe cerâmica, não existe cestaria, não existe pinturas corporais, não existe instrumentos cirúrgicos, não existe teatro nesta instalação, nenhum objeto físico está nessa aldeia, esse recorte histórico da tribo. difícil é se entender como artista, esse moleque de chinelos, brasileiras não escrevem para serem lidas, não seria brasileiro se fosse muito lido ou seria Paulo Coelho por brasileiro falante. Se entende os organismos que dão corpo ao fator secundário, o problema emergente dançado, as escritoras brasileiras escrevem para mim, sem pudor de dizer-lo-ei porque é Eu aquele que não leu a lista, não leu, não leu a receita, não lê cartografia, não lê em mandarim, aquele que não lê livro de simpatias, aqueles que não leem notícias, aquele que não leu sou eu, o pequeno professor.

o tamanho de um texto se mede pelo entusiasmo dos parágrafos ímpares, pelo ânimo das estrofes singulares, ao escolher escrever prosa há só um caminho impossível: a própria poesia, poesia própria

eu poderia ter inventado um milhão de mentiras, poder dissimulado mortes e tiroteios, vivido personagens cativos em atos concatenados, aqui poderia ter estampado o meu mundo dramatúrgico e não está, cabe perguntas mas vou ficar quieto, literatura, literatura, como és a filosofia mais linda. as drogas lícitas como substrato da condição humana que sinto e percebo, vício maravilhoso, vício divino, santo, amável é uma cabana de papelão, uns paranauês e plásticos, minha alma é uma favela, meu quarto bagunçado, de uma política de guarda-roupa zoneado, nunca passar roupas é um lema desta ideologia total e perigosa, uma arte complexa do uso da história das coisas problemáticas. pequeno hipertexto de ilusão, endorfina nas samambaias, brinquedos de cachorro espalhados pelo chão

acordei em uma sala preso entre meus próprios projetos, eu capturado por mim, essa praga que é dar nome as coisas, folha maliciosa que rasteja e encobre toda a natureza morta, o demônio, o demônio, a antifisiologia essa disciplina obrigatória, animais metamórficos no céu, projeção de novas espécies e gêneros de quarta dimensão, não-humano, não-humano, pós-orgânico, uma flor de bosta, quimera de pus, é metástase, provavelmente dialética, essa coisa que sai do meio das pernas, o sonhado filho segurando uma pasta de dinheiro, papel valioso, ouro nos legumes, rubi na carne, carne, carne conscienciosófica carne, tu és puta, puta, puta inteligente e profissional

o tamanho de um texto se mede pelo entusiasmo dos parágrafos ímpares, pelo ânimo das estrofes singulares, ao escolher escrever prosa há só um caminho impossível: a própria poesia, poesia própria

eu que aprende o que morre

eu poderia ter inventado um milhão de mentiras, poder dissimulado mortes e tiroteios, vivido personagens cativos em atos concatenados, aqui poderia ter estampado o meu mundo dramatúrgico e não está, cabe perguntas mas vou ficar quieto, literatura, literatura, como és a filosofia mais linda. as drogas como substrato da condição humana, vício maravilhoso, vício divino, santo, amável é uma cabana de papelão, minha alma é uma favela, meu quarto bagunçado, de uma política de guarda-roupa zoneado, nunca passar roupas é um lema desta ideologia, uma arte complexa do uso da história das coisas. pequeno hipertexto de ilusão, endorfina nas samambaias, brinquedos de cachorro espalhados pelo chão

come o homem menstruado, vídeo dança mastigada, ovo ópera, essa porra de partitura, los pingos blancos, congela agora memória rã, coceira coletiva, caro inseto paradoxal, sopa de letrinhas niilistas, tem melancolia e agrotóxico, tuas tetinhas mecânicas me servindo café, útero comestível de lã. tuas tripas como trilha sonora, sonoplastia dos sonhos, musicalidade com dentes de leite, inteligência brasileira, favela paisagística, torres de calos em corcundas, deformada e burra nas últimas horas, escolha errada seleção indisciplina da bexiga, o cachorro sabia de tudo quando respirava daquele jeitinho, passei as mãos no seu pelo, uma fazenda de maconha sativa, já era eu vi a cor do projeto do tempo, é salgado e tem gás, assovia enquanto contorce-se, fala outras línguas.

carne como és minhas comida. carne consciente. a consciência da carne deglutindo a carne em si. carnívora vida da carne. o carne coitada, carne cortada de teus cordões, carne dividida, carne fragmentada, carne sem interjeição, carne podre, carne cocô, carne coisa complexa e cheia de consciência, carne deus, flor de carne: 13


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