terça-feira, 10 de julho de 2018

A Terra Quadrada

(Um homem não poderia ter juntado estas palavras assim)


Liso terreno de água
Enfeite da matéria escura
Mecanismo da maquete solar

Teus pelos púbicos como uma cidade arborizada
Feudal e pornográfica das raízes aos galhos tortos
A mandioca, cheiro cenoura laranja de cobre, frio

Mundo útero que produz individuo, é liberdade
Tem seus pulmões e respira por vontade própria
Prodígio descolado da matéria prima, é arquitetura
Solística e santa em seus sistemas complexos
Pesquisa a dor das esculturas ocidentais, dança

Sim, eu falo de arte. ARTE. Teatro, Teatro. Dança.

Os jardineiros são artistas,
Do saber lidar com o que nasce.

Os jardineiros são artistas,
Do saber lidar com o que morre.

Os jardineiros são artistas,
Do saber lidar com o que vive.

Eu construí esta comunicação para poder chorar,
Provavelmente irei pedir para lerem por mim.

No futuro os filhos serão adotivos e a gravidez psicológica
Os trabalhos de parto acontecerão em automóveis deslocados
Todo o processo será autômato, humanizado e mecatrônico


Na natureza não existe lado de fora,
não dá para sair da natureza.


Ó
Terra Quadrada
Pasto pobre patriarcal 
Pai distante da criação dolosa

Ó 
Terra Quadrada
Seus filhos alimentícios 
Sangram nos dentes de uma cobra esguia

Ó
Terra Quadrada
Barulhos de estomago e cheiro de café
Frigoríficos interditados aos porcos morrendo de fome


Meu nome é uma boneca inflável, meu corpo é de brinquedo, meu parquinho,
São coloridas as grades do meu cercado, dentro dele me implodo de artifícios.  


Espero ter coragem e ar para
Editar minhas imagens apaixonadas
No meio cefálico da loucura comum
Lembrar da minha água que vai secar
Minhas panelas no fogo.

 Insuportável é ser um porta-voz, porta-avião,
De uma ideia muito linda, sequestrada de um universo criança,
Agonizante é ficar explicando a própria beleza e inteligência.

Me sinto burro. Me sinto galinha. Me sinto peixe.

Um ator-automóvel sem combustível, palavras de aluguel caro,
Dirijo um trem imaginário que viaja muitas vezes ao dia,
Ofereço carona, de graça, companhia e divido minha comida,
Te dou a carne do meu prato, me torno vegetal contigo, em silêncio.

Meus transportes são precários,
mas são seguros,
São extravagantes,
mas são humildes,
são gigantes,
mas são meus bebês.

Meu nome é uma boneca inflável, meu corpo é de brinquedo, meu parquinho,
São coloridas as grades do meu cercado, dentro dele me implodo de artifícios.  

Meu sexo é de panetone,
Meu leite é de guaraná em vidro, meu sal,
Meu cu,
Minha amargura hereditária em pó.
Meu suco de cores fracas.
Meu seio negativo.

Útero psicoanalítico que cospe,
Líquido útil da viscosidade da vida,
Fertilizante deste terreno errado, é infinita.

Voar alto é arriscado e cria um corpo cheio de casquinhas
Na flor da pele, sangue, vermelho, vermelho, vermelho.
Tua cara vermelho, vermelho, minha razão poética. 

Grupo.
Nós somos grupo.
não-grupo
O grupo que somos,
um grupo.

Na natureza não existe lado de fora, 
não dá para sair da natureza.

O sair de uma natureza é a morte?  
Meu corpo é finalmente uma escola?


Abrindo o corpo para um espírito de gênio e inteligência feminina,
Este olho é a minha buceta. Parto a minha vulva dos tecidos cerebrais sensíveis,
Sou transumana e falo de Ói Nóis Aqui Traveiz.

Então.

O que quero finalmente anunciar com esta publicação é uma intuição.
Mesmo sabendo o perigo das notícias, as interpretações superficiais.

O sair de uma natureza é a morte?  
Meu corpo é finalmente uma escola?

O quadrado que existe na terra, a terra que tem quadrado, 
Só a terra quadrada, só a terra está quadrada, só a terra será quadrada, terra quadrada.


Aquele que fecha as portas da sua fábrica para assegurar e melhor desenvolver sua própria receita, aquele que transforma o interior da sua fábrica-castelo-universo no que exatamente é fantástico, incrível, maravilhoso, estonteante, vívido e incansável. Aquele que  vive o sonho obrigatoriamente colorido de doce artificial


FIM

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