segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Bergamota Materialista Dialética

Bergamota bergamota,
o poema a venda, o poeta ajoelhado vendedor,
gomo singelo de deus, pedaço de pão.

A história do caroço
lotes de laranja baía na costa mãe.
A acidez ao sol, a tenda a venda

Vou jogar meu corpo na avenida da praia,
bater no cruzamento entre o mar e a pedra,
ao ver o barco passar pela curva do fim do mundo quadrado,
os piratas levando minha feminilidade estuprada,
misandria máquina, homo sapus mal.

A experiência em produto, como vosso corpo de copo de cerveja.´

O vendedor, coisa de figura masculina, de saliva grossa e carapaça,
Cocaína e areia branca, todos aplaudem o pescador de mariscos,
Corpo estranho, toda a raia como pornografia, candelabros de biquíni e moralismo,
Carros hidráulicos e bondiolas, todos os loiros da Argentina migram ao Brasil no verão,
Seleção brasileira natural de futebol na neve, uma questão de castas turísticas.


Anúncio ilumino mercantil, passeios de barco pirata.
Versas de estratégicas logísticas de existir,
Eu mercadoria, lógica que paga as contas,
Filosofia em curso desse trabalhador informal,
Interseccionado entre os demais dementes.

Bergamota, bergamota,
Jamais deixarei de te lembrar do colonialismo,
Mesmo quando a escola não existir mais, nem a vida,
Visitando canhões no fundo do mar salgado,
Pelos tuneis de guerra dos copos d'água.
Em cada face latino-americana, a dor dos séculos,
Estará tatuado nas pálpebras dos olhos, na pele da gengiva,
Entre meus dentes será erguido um monumento,
No sorriso de meus clientes, meu aluguel, a água e a luz.






quarta-feira, 29 de agosto de 2018

carme conscienciosófica carne



se esta arquitetura fosse material, seria uma escultura moderna, sem corpo, sem figura, eu seria a própria matéria, a casa heterogênea, casa silenciosa, de maneira nenhuma eu seria um lugar. se isto não fosse literatura, seria o que é e onde estaria Eu pergunto pois acho que não deveria escrever isto, no sentido do sensível, poderia ser uma plantação de uvas se fosse um lugar, poderia estar nadando em uma piscina de abóbora cabotiá, esta seria a evocação de uma parte da natureza, nossas folhas e faunas, quem sabe nascente de uma terceira filosofia que conjugue os plásticos e as tartarugas numa pororoca de argumentos e suas práticas não-empíricas. 

as novas ecologias e os brinquedos infantis me fizeram pensar, o colorido não-binário, as artes performáticas, o centro expressivo da meleca pulsante que é a sociedade brasileira, se fosse não metafísico teria uma iconografia gasosa, paradoxal como a viagem da luz, tem semelhança com o circo, nomadistas normais. o escrever é ocupar uma cabeça, habita a terra improdutiva que é a mente humana sem seu espírito, faz-se assentamento do meu raciocínio. do estruturalismo, depressão é uma doença do espaço, é um edifício flácido, o momento delicado da lagarta, é agridoce o gosto desse elevador de madeira, a cratera do meu quarto úmido, rio de cabelos, lâmina da obscuridade, dois braços esquerdos.

um escritorzinho merece uma casa sempre, uma casa eterna, casa cheia de contornos, o direito social de um cenário maravilhoso, tipo castelo rá-Tim-bum. a onomatopeia é uma forma de amar diria minha formação gramatical, um escritorzinho precisa de um apartamento com cem animais de estimação, é preciso uma multidão de pequenas existências para escrever um livro de bolso, livro de cabeceira. se me pego nas miudezas das preposições ou na rutilância da sintaxe rebuscada, é porque está morrendo este cérebro e as palavras constituem meu internato, minha unidade de tratamento intensivo. o que seria de umas palavras difíceis e avulsas senão pela generosidade de um espírito construtor, a alma de amalgama, que justifica o absurdo natural e o obsceno lirismo, o louco que escreve, tarô.

pensar em língua portuguesa é um heresia como alfabetizar crianças com palavrões. imoral cosmobiologia, a poética contemporânea brasileira disponível na internet, onça online, o futuro está nas galerias virtuais, a coisa essencial do povo latino-americano. não existe cerâmica, não existe cestaria, não existe pinturas corporais, não existe instrumentos cirúrgicos, não existe teatro nesta instalação, nenhum objeto físico está nessa aldeia, esse recorte histórico da tribo. difícil é se entender como artista, esse moleque de chinelos, brasileiras não escrevem para serem lidas, não seria brasileiro se fosse muito lido ou seria Paulo Coelho por brasileiro falante. Se entende os organismos que dão corpo ao fator secundário, o problema emergente dançado, as escritoras brasileiras escrevem para mim, sem pudor de dizer-lo-ei porque é Eu aquele que não leu a lista, não leu, não leu a receita, não lê cartografia, não lê em mandarim, aquele que não lê livro de simpatias, aqueles que não leem notícias, aquele que não leu sou eu, o pequeno professor.

o tamanho de um texto se mede pelo entusiasmo dos parágrafos ímpares, pelo ânimo das estrofes singulares, ao escolher escrever prosa há só um caminho impossível: a própria poesia, poesia própria

eu poderia ter inventado um milhão de mentiras, poder dissimulado mortes e tiroteios, vivido personagens cativos em atos concatenados, aqui poderia ter estampado o meu mundo dramatúrgico e não está, cabe perguntas mas vou ficar quieto, literatura, literatura, como és a filosofia mais linda. as drogas lícitas como substrato da condição humana que sinto e percebo, vício maravilhoso, vício divino, santo, amável é uma cabana de papelão, uns paranauês e plásticos, minha alma é uma favela, meu quarto bagunçado, de uma política de guarda-roupa zoneado, nunca passar roupas é um lema desta ideologia total e perigosa, uma arte complexa do uso da história das coisas problemáticas. pequeno hipertexto de ilusão, endorfina nas samambaias, brinquedos de cachorro espalhados pelo chão

acordei em uma sala preso entre meus próprios projetos, eu capturado por mim, essa praga que é dar nome as coisas, folha maliciosa que rasteja e encobre toda a natureza morta, o demônio, o demônio, a antifisiologia essa disciplina obrigatória, animais metamórficos no céu, projeção de novas espécies e gêneros de quarta dimensão, não-humano, não-humano, pós-orgânico, uma flor de bosta, quimera de pus, é metástase, provavelmente dialética, essa coisa que sai do meio das pernas, o sonhado filho segurando uma pasta de dinheiro, papel valioso, ouro nos legumes, rubi na carne, carne, carne conscienciosófica carne, tu és puta, puta, puta inteligente e profissional

o tamanho de um texto se mede pelo entusiasmo dos parágrafos ímpares, pelo ânimo das estrofes singulares, ao escolher escrever prosa há só um caminho impossível: a própria poesia, poesia própria

eu que aprende o que morre

eu poderia ter inventado um milhão de mentiras, poder dissimulado mortes e tiroteios, vivido personagens cativos em atos concatenados, aqui poderia ter estampado o meu mundo dramatúrgico e não está, cabe perguntas mas vou ficar quieto, literatura, literatura, como és a filosofia mais linda. as drogas como substrato da condição humana, vício maravilhoso, vício divino, santo, amável é uma cabana de papelão, minha alma é uma favela, meu quarto bagunçado, de uma política de guarda-roupa zoneado, nunca passar roupas é um lema desta ideologia, uma arte complexa do uso da história das coisas. pequeno hipertexto de ilusão, endorfina nas samambaias, brinquedos de cachorro espalhados pelo chão

come o homem menstruado, vídeo dança mastigada, ovo ópera, essa porra de partitura, los pingos blancos, congela agora memória rã, coceira coletiva, caro inseto paradoxal, sopa de letrinhas niilistas, tem melancolia e agrotóxico, tuas tetinhas mecânicas me servindo café, útero comestível de lã. tuas tripas como trilha sonora, sonoplastia dos sonhos, musicalidade com dentes de leite, inteligência brasileira, favela paisagística, torres de calos em corcundas, deformada e burra nas últimas horas, escolha errada seleção indisciplina da bexiga, o cachorro sabia de tudo quando respirava daquele jeitinho, passei as mãos no seu pelo, uma fazenda de maconha sativa, já era eu vi a cor do projeto do tempo, é salgado e tem gás, assovia enquanto contorce-se, fala outras línguas.

carne como és minhas comida. carne consciente. a consciência da carne deglutindo a carne em si. carnívora vida da carne. o carne coitada, carne cortada de teus cordões, carne dividida, carne fragmentada, carne sem interjeição, carne podre, carne cocô, carne coisa complexa e cheia de consciência, carne deus, flor de carne: 13


terça-feira, 10 de julho de 2018

A Terra Quadrada

(Um homem não poderia ter juntado estas palavras assim)


Liso terreno de água
Enfeite da matéria escura
Mecanismo da maquete solar

Teus pelos púbicos como uma cidade arborizada
Feudal e pornográfica das raízes aos galhos tortos
A mandioca, cheiro cenoura laranja de cobre, frio

Mundo útero que produz individuo, é liberdade
Tem seus pulmões e respira por vontade própria
Prodígio descolado da matéria prima, é arquitetura
Solística e santa em seus sistemas complexos
Pesquisa a dor das esculturas ocidentais, dança

Sim, eu falo de arte. ARTE. Teatro, Teatro. Dança.

Os jardineiros são artistas,
Do saber lidar com o que nasce.

Os jardineiros são artistas,
Do saber lidar com o que morre.

Os jardineiros são artistas,
Do saber lidar com o que vive.

Eu construí esta comunicação para poder chorar,
Provavelmente irei pedir para lerem por mim.

No futuro os filhos serão adotivos e a gravidez psicológica
Os trabalhos de parto acontecerão em automóveis deslocados
Todo o processo será autômato, humanizado e mecatrônico


Na natureza não existe lado de fora,
não dá para sair da natureza.


Ó
Terra Quadrada
Pasto pobre patriarcal 
Pai distante da criação dolosa

Ó 
Terra Quadrada
Seus filhos alimentícios 
Sangram nos dentes de uma cobra esguia

Ó
Terra Quadrada
Barulhos de estomago e cheiro de café
Frigoríficos interditados aos porcos morrendo de fome


Meu nome é uma boneca inflável, meu corpo é de brinquedo, meu parquinho,
São coloridas as grades do meu cercado, dentro dele me implodo de artifícios.  


Espero ter coragem e ar para
Editar minhas imagens apaixonadas
No meio cefálico da loucura comum
Lembrar da minha água que vai secar
Minhas panelas no fogo.

 Insuportável é ser um porta-voz, porta-avião,
De uma ideia muito linda, sequestrada de um universo criança,
Agonizante é ficar explicando a própria beleza e inteligência.

Me sinto burro. Me sinto galinha. Me sinto peixe.

Um ator-automóvel sem combustível, palavras de aluguel caro,
Dirijo um trem imaginário que viaja muitas vezes ao dia,
Ofereço carona, de graça, companhia e divido minha comida,
Te dou a carne do meu prato, me torno vegetal contigo, em silêncio.

Meus transportes são precários,
mas são seguros,
São extravagantes,
mas são humildes,
são gigantes,
mas são meus bebês.

Meu nome é uma boneca inflável, meu corpo é de brinquedo, meu parquinho,
São coloridas as grades do meu cercado, dentro dele me implodo de artifícios.  

Meu sexo é de panetone,
Meu leite é de guaraná em vidro, meu sal,
Meu cu,
Minha amargura hereditária em pó.
Meu suco de cores fracas.
Meu seio negativo.

Útero psicoanalítico que cospe,
Líquido útil da viscosidade da vida,
Fertilizante deste terreno errado, é infinita.

Voar alto é arriscado e cria um corpo cheio de casquinhas
Na flor da pele, sangue, vermelho, vermelho, vermelho.
Tua cara vermelho, vermelho, minha razão poética. 

Grupo.
Nós somos grupo.
não-grupo
O grupo que somos,
um grupo.

Na natureza não existe lado de fora, 
não dá para sair da natureza.

O sair de uma natureza é a morte?  
Meu corpo é finalmente uma escola?


Abrindo o corpo para um espírito de gênio e inteligência feminina,
Este olho é a minha buceta. Parto a minha vulva dos tecidos cerebrais sensíveis,
Sou transumana e falo de Ói Nóis Aqui Traveiz.

Então.

O que quero finalmente anunciar com esta publicação é uma intuição.
Mesmo sabendo o perigo das notícias, as interpretações superficiais.

O sair de uma natureza é a morte?  
Meu corpo é finalmente uma escola?

O quadrado que existe na terra, a terra que tem quadrado, 
Só a terra quadrada, só a terra está quadrada, só a terra será quadrada, terra quadrada.


Aquele que fecha as portas da sua fábrica para assegurar e melhor desenvolver sua própria receita, aquele que transforma o interior da sua fábrica-castelo-universo no que exatamente é fantástico, incrível, maravilhoso, estonteante, vívido e incansável. Aquele que  vive o sonho obrigatoriamente colorido de doce artificial


FIM