terça-feira, 10 de maio de 2016

Vinícola, vícios de Vinícius

 UM TRAJE ESCURO CORRENDO O MATO LEVANDO UM SACO DE FRASCOS DE VIDRO QUE TRINCAVAM E TILINTAVAM 
LÁGRIMAS CRÍSTICAS ESCORREM A FACE DE IMAGENS DE BARRO DA ESCADA, O SAGRADO ANJO GUARDIÃO ME OLHA COM PACIÊNCIA

BATER PORTAS DE UM IMÓVEL SÓ 
APRENDENDO A DISPOR DA FAMÍLIA PARA O VENTO 
DEIXAR CORRER O SANGUE EM MIM
PREMUNIÇÃO CÁRMICA CATASTRÓFICA
PREVER

Fundei um espaço em mim com uma necessidade primária de exercitar minha morte. Cientificamente circuncidada está minha consciência a gritar extrassensorialidades. Nas enciclopédias antigas perdidas encontro o existencialismo do nosso sofrimento. Como uma gueixa sábia de outrora, meu olho delineado é uma inscrição em pedra de mausóleo, do senhor, do artesanato. Carrego desde o início um agudo infinito que conduz minhas pontas a refinar-se, ser tão longo quanto não sei que posso ser. Meu tórax é um salão comunal, acomodo cerimônias de passagem e nele filarmonicamente sopro um mantra fúnebre. Herméticas quadraturas movem com sapiência os arcanos maiores do tabuleiro, os peões contraíram aids e gemem compulsoriamente.

a bipolaridade da minha intuição impulsiona um pêndulo 
vai do oriente ao extremo, é todo em uma analogia cíclica 
meus estudos místicos concederam-me uma pá e um esquadro,
escafandro 
minha cabeça será martelada cada vez que meus pés pisarem no falso 
das minhas escápulas arqueiam minhas casas, minha natureza construtiva templária
voo cortando o ar, elemento mutável em absoluto,
espada e fio 
sentado num tapete indiano como tartaruga, casca de ovo
a trajetória heroica da salvação, eu, obstinado a correr contra o cardume 
sou relicário plasmático do ânimo vital
vivo na curva galática de uma concha celestial colorida
XILOGRAVURA
MINHA HERANÇA GENÉTICA EM BRINQUEDOS PEDAGÓGICOS 
SENTINDO O SUOR CIGANO TINGIR TECIDOS DE CETIM 
CÓDIGOS REFLEXIVOS ME APARECEM QUANDO OBSERVO A ÁGUA ESCURA 
ESSA SÍNDROME ADJETIVISTA E PROSAICA EMBALA 
COSPE SUAVEMENTE CONTORNOS ESCULTURAIS SEM MATÉRIA 
A SENTENÇA POSSÍVEL ENTRE TAIS PROFÉTICAS PARTITURAS 
CALIGRAFIA ESGUIA E CURVA JORRANDO TINTA PRETA 
SOBRE UM ASTRO VÍVIDO PORÉM PENOSO 

aos que presenciam este mesmo tempo
ser discutida sob a perspectiva realista
os tempos exigem pluralidade para Aquário
são agiotas burocratas mercenando água
estamos no breu oceânico profundo
esta verborrágica vontade de saber falar apenas sobre peixes
conquisto minha realização predestinativa turquesa
compartilhar um sucesso em rede de pesca social
finalmente um sono feliz
um suspiro de plenitude suplantado


A metalinguística antropocósmica do verbo fundador escandaliza minha literatura. Impossível labirinto de faunos e ninfas. Uma clareira guarani na vegetação nativa, mediterrâneos bacantes orgiásticos entre hermafroditas. Xilofone de frutas tropicais cancerianas. Uma velha atriz acorda na juventude, cataliza suas poéticas de experiência para o seu corpo anímico, faz dele casa de energias sagradas. Atravessa o palco experimental holístico com o aprendizado do teatro nô, sob pernas de pau, seu rosto colorido ancora os olhos pretos brilhantes no fundo de mim. Vi significados vitais nas tuas palavras, observei teu milagre enquanto a sala via teus dentes.

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