segunda-feira, 18 de julho de 2016

Eunuco

Quero um texto mundial antiglobalizado. Dramatizar a tragediatória familiar ancestral sem egocentrismo. Porção quântica do pó donde viemos. Oferendar às entidades do fogo a virgianidade da minha lua natal. Costurar a cisão histórica do movimento mercantilista europeu. Desvelejar nas lágrimas de Portugal. Dessalinizar.

Levantar no berço italiano novamente, observar da janela as uvas encorparem. Algarismos romanos. Império. Caminhando descalço pelo piso de madeira, volitar nas sensações dos tapetes persas e suas franjas. Meu passado medieval latente, estrutura e corpo das nossas individuações, destes símbolos arcaicos hasteados nos centros cívicos. Monumento pentagonal para adoração semidivina. Turquia.

Mãe,
pedi ao rio doce para descansar em paz.

Regredir na psicologia de classe média. Processos de hipnose coletiva querem me dizer algo, sinto. O número um é o maior resultante equacional. Álgebra. Procuro saber o que é esse deus que me faz tremer as mãos acima da cabeça e chorar como dois cachorros frígidos. Entender latim, latir. A cabana cigana na margem do deserto do Atacama. Os ricos afro-americanos coreografando suas mazelas no balançar rítmico pagão de seus esqueletos. Uma batida tribal recuperada em aparelhagem chinesa.

Pré
Enchi os cantos da minha casa de cobertores familiares
Sinto a antimatéria da presença de Deus
O pai que não tivemos
Irmãos

No centro há fogo
Brasa vulcânica nuclear
Sou uma comunidade monárquica
Missão tupi-guarani para uma mesma terra sem males. Mala
Sete voltas pelo meu mundo

Lindo mosaico de povos originários sobre placas tectônicas de sorte. Um cuidado operativo meticuloso para o trabalho de composição genética e cósmica. Virtuose. Cálculo indiano para um sistema de dança contemporânea shivaísta. Zero. Mata virgem, meu país, meus pais, minha paz. 


Minha visão sobre o presente, um senso da historiacidade dos nossos encontros
A premonição mediúnica se arrasta sutil e rítmica por camadas subterrâneas

Este é um discurso pós-morte. A minha literatura é um código comum para retórica filosofal, indagarei-ei para o primeiro contato extraterreno. Este lirismo luso ameríndio, didático, não-cartesiano, contudo, erudito. 

Meu corpo falará por mim
Minha face e meus traços miscigênicos
Toda a história da minha espécie está contada na curva oblíqua do meu olho tribal ou oriente. 

Tenho pra mim que sou uma célula divina. Pense no celestial como analogias tecnológicas de suprema performance. Um toque super sensível e uma ação acelerada do meu desejo papal. Opero milagres em telas de computadores. Estudar poderes sutis e a simbologia dos arcanos menores, tamanha importância das correlações mais superficiais. Essas verdades umidificam as glândulas do meu infra sistema micro ocular. Me acorda antes do sol para pensar em ações de presença. Primeiramente, verbalizar. 

Corto a substância do espaço com intensões genuínas. Espontaneidade, atividade criacional. Meu filho chamará divino,  de nacionalidade como ventre transgênero, sua alimentação será gomos de frutos tropicais de capricórnio. Toda a estética do ácido lisérgico. Proibicionismo da proibição, irredundâncias paradoxais, minha sabedoria improvisacionista pós-colonial. A careta de Caetano apoiador de candidaturas ecocapitalistas, centro direita. Café da manhã. 

Veja como subsidio esta poética. Componho em prosa para fazer saltar curvas fonéticas de palavras autorais em linhas hermas. Coloquei em xeque a língua portuguesa e vejo traços de exploração em cada singular partícula dos vocábulos. Tudo soa como em uma relação de vassalagem e suserania. As rupturas são faróis de libertação. O sal marinho corroê elos de correntes escravagistas, interdita pontes republicanas, engole carros de transmissão automática. Erva mate. Meu ritmo é a constância discursiva de três ou quatro expressões politico-partidárias, a arte de somar uma intuição infante ao meu espírito revolucionário genético porque juvenil. 

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