(19/01/14)
I
I
Caminha
Concomitante
Caminho
Distante
Concomitante
Caminho
Distante
Cresce sob a terra quase seca os vegetais.
Que já nascem a apodrecer no próprio pé.
Pobres criaturas férteis,
de solo genético ingrato.
Código
Semente e
Germina dor
Nasce,
cresce num estalo,
estaleiro,
de um instante.
...
Caminha
O Caminho
Distante
II
Fruto oco cabaceiro,
Varão que não provê pão.
O filho que enterra, no quintal
sem pesar, por pesar.
A árvore pai,
que morresse aos pouco
pouco pouco
pouco pouco
pouco
muito
pouco
pouco
muito
pouco
e nada
morreu.
III
morreu.
III
Nova ova minguante
minha lua creScENTE
CEIA CHEIA DE CHIA E CHÁ
só, muito só, sóis e nadar.
Água e sal
em tempo e memória.
Contendo cobertores no carro de dor.
Da primeira marcha, ao ponto morto,
não resta lágrima combustível,
de despesa ou em pensão póstuma.
IV
Vegetal
que, juros, viveu mesmo
no ápice y racional
como um canibal comilão
(e quem não é?)
(e quem não está?)
A vender-se em barraca de feira.
Com veneno e barata
abaixo dos tomates caros
e do feijão carioca
tua carne virado a paulista
nossa quarta de cinzas hereditárias.
É a chepa,
leite em pó da escola, cesta básica incompleta
leite em pó da escola, cesta básica incompleta
nossa classe média baixa anunciada aos quatro ventos
anti-miséria karmica
sucesso sem ensino médio
sucesso sem ensino médio
safra fraca de solidariedade pequeno burguesa
minha inteligência singular de escola pública.
minha inteligência singular de escola pública.
V
Pai,
o céu é um apartamento de dois quartos com churrasqueira na varanda,
tem vista pro mar e pra montanha azul,
nele divido um dos quartos com meu irmão,
faço do meu colchão um castelo pessoal, dos ladrilhos, o pátio e o salão,
do meu estreito canto esquerdo, um precário e virtuoso atelier,
do canto direito espaçoso, uma sala de recepção para os meus gêmeos do bem.
do canto direito espaçoso, uma sala de recepção para os meus gêmeos do bem.
VI
Hoje estudo aproximações em carnaval e suas alegorias
e sei o que amar
o mar.
Formei minha carapaça na matéria orgânica marinha,
conduzir exercícios de paixão e nascimento,
nas salas de aula, observo a organização rítmica dos corpos alunos.
Meu corpo é uma faculdade de dança para Santa Catarina.
Me chamaram professor, me arremessam frutos de maturidade,
alimento minhas plantas e ovos da poesia pobre, menino.
Eu, poetisa, discurso as delícias, a beterraba, o nabo e a bergamota,
uma gastronomia das palavras lusitanas, minha sopa hermética,
caldo de carne e histórias, peixes, mariscos e outras ostras.
VII
Agora dessalinizado e sem matéria,
agrião, peixe, carneiro, faisão,
agrião, peixe, carneiro, faisão,
rumo a mortalidade daquele dejeto.
Eu, minha voz sem órgãos,
vós, palavras professorais,
dialogando na madrugada sob a mediação com deus.
vós, palavras professorais,
dialogando na madrugada sob a mediação com deus.
Formalidade e elegância, contra teu passado de violência doméstica.
Se mente, grão mestre, furto e prato típico.
Receita de torta federal, coerência, norma culta de transito.
A tragicomédia brasileira em pele e osso,
esqueço a melancolia que existe,
Receita de torta federal, coerência, norma culta de transito.
A tragicomédia brasileira em pele e osso,
esqueço a melancolia que existe,
meu cu e bosta.
VIII
Eu prodígio de um mundo espetacular,
engoli um dicionário por fome de nomes e medo.
Semeio palavras nas terras de papai,
para que meus afilhados tenham troncos linguísticos genealógicos,
para que tenham coragem e discorram,
para que não tenham só dor e lucidez,
para que me ouçam,
cortando mais uma vez o tempo,
sustentando pensamentos,
amálgama milagrosa da família,
criativo nos momentos,
nos ritos de resistência e da passagem.
Estará dito aos meus,
delícias temperadas de sal líquido do existir,
favor presente poema,
represente este presente por mim,
quando eu não mais gesticular ar.
engoli um dicionário por fome de nomes e medo.
Semeio palavras nas terras de papai,
para que meus afilhados tenham troncos linguísticos genealógicos,
para que tenham coragem e discorram,
para que não tenham só dor e lucidez,
para que me ouçam,
cortando mais uma vez o tempo,
sustentando pensamentos,
amálgama milagrosa da família,
criativo nos momentos,
nos ritos de resistência e da passagem.
Estará dito aos meus,
delícias temperadas de sal líquido do existir,
favor presente poema,
represente este presente por mim,
quando eu não mais gesticular ar.
contaminado de mar... pera concha rsrs Saudade disso tudo mais perto.
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