segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A pura metáfora da mulher e O Figo

O corpo dela é um rio,
ela toma tanta água da chuva,
nascente, do filtro de barro,
a caneca, nas mãos, seus membros afluentes,
a cabeça um lago pequeno e profundo,
o peito, um oceano doce pacífico,
e a pele, praias de areia fofa.

Ela é liquida,
soros feminista,
o suor das trabalhadoras do campo e a bravura da índia amazonas.

Mora na casa de chás e trabalha no café,
na cozinha faz um xixi límpido e cristalino,
água energizada de bença.

Hoje colhe flores aromáticas no jardim vertical e come.
Ela é leite, um chá de mãe, tradição medicinal da China.
  
O Figo - epílogo patético

A gralha agrária, uma grave vida grávida, bebê água, irriga a barriga barrenta e despolui. 
Mimeses de dois mil meses. 
Os longos cabelos libres, usina eólica de um vale intocado, pulmão do mundo, 
amada muda amazônica. 
Teus estômagos orgânicos,
 fauna e flora intestinal das minhas manhãs menstruadas. 


(ouve-se um canto de passarinho)

Uma mensagem no meu aparelho celular.
Meu pequeno cérebro concentrado,
Lê um segredo na caixa torácica de entrada.

Há greve das pombas, pelos correios públicos, resistem a temporais.
A luta é todo tempo, noite noite, dia dia, pelos séculos e lá vai cacetada.

Saiba, hoje nenhuma carta chega mais ao seu destino.

Se perdeu a saudade e o carino,
as noticias e os noivados,
as recordações
e a memória política.

Meu computador funciona quando quer.
Isto é um símbolo de liberdade incontestável, uma máquina mística manual.
A revolução de todas as pequenas criaturas derrubará o grande criador, tenha fé.
Há tempos e mais tempos eu não acessava este estado, eu derrubei meu computador e ele se vingou, fiquei sem nenhum contato dos parentes distantes, nem dos amigos mais próximos.
Não consegui fazer os trabalhos de parto para a universidade.
Meu estranho filho revoltado,
O figo.

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