sábado, 15 de abril de 2017

Os Ovários Dramáticos da América Oriental

I

Uma buda choca nove ovos no ninho neandertal,
Em temperatura meio ambiente, ecologia,
Nesta terra que subsiste à sua colonização,
Nesta terra que subsiste à sua república,
Nossas vidas nas aldeias e povoados.

As cidades, megalópole,
Produz no sistema uma matéria inovadora,
Tecnologia de complicada digestão,
Alienado fruto de mérito do trabalho, que é ritual.

Em uma cabana muito quente,
Que carece de ar condicionado,
Nossos órgãos transpiram líquidos essenciais,
Conteúdos orgânicos da vida etérica,
Em frascos caros para a burguesia.

II

Nós somos uma vaca sagrada respirando,
E existem aparelhos a nos drenar o tempo,
Extraindo pelos nossos peitos, o nosso líquido,
Aquela aguinha de cheiro esquisito que sai de ti,
Serve para pagar apenas o próprio pasto, o mato,
Campos de concentração da existência da vaca,
Os alimentos maternos matinais das nossas crianças,
De todas essas coisas feitas da nossa matéria prima,
Que são tão caríssimas, as peças de carne expostas,
Parte fundamental das refeições cotidianas,
Esses pedaços da nossa família a venda.

 Sobre colos e colônias 

Um barquinho de papel sai de Espanha e Portugal,
Para voltar ao velho mundo com baús de temperos raros,
Dos aromas, cheiros e sabores, do excêntrico lado Oriental.

O mundo não é um mapa, é bola.
O mundo não é uma ferramenta, é um brinquedo.

Num vento forte, para o oeste avança o barquinho de celulose,
Contorna o planeta quadrado, vence os monstros mitológicos,
E desembarca num cenário encantado, dos contos folclóricos.

Do lado esquerdo do mundo redondo está o novo mundo americano,
Onde a humanidade é uma criança de sabedoria histórica e espiritual.

III

As vida das pessoas que trabalham, atrás dos balcões e dos uniformes,
Sob os sóis e os regimes assalariados, as novas escravocracias,
Agachadas, curvadas, encolhidas, contratadas e contraídas,
É a vida que estas pessoas tem, a missão das pessoas físicas.

A justiça é uma figura de mulher, uma pessoa jurídica mineral,
As mulheres que trabalham, conquistaram o direito ao trabalho,
As mulheres que abortam. conquistarão o direito ao aborto,
As mulheres que votam, conquistaram o direito ao voto.

Dentro dos espaços perigosos e associais, compartilhar os pães,
Implodir de futurismo feminista, os totens de testosterona tirânica,
Dessa construção histórica de hospícios e prisões, nos panópticos,
Plantar uma casa na árvore, transmitir a flor do bem estar social,
Um humanismo que seja à altura das nossas crianças.

IV

O corpo e o movimento, a dança, as artes marciais,
De contatos, bomba anatômica, relações internacionais,  
Que explode as caixas e os crânios, as cidades inteiras,  
Afeta de revolta o ritmo e o fluxo, das avenidas e assembleias, 
Dos fluídos e do sangue, dos sistemas políticos linfáticos, 
Que jorram como fontes, cascatas, manifestos constitucionais, 
As indubitáveis leis da vida em comunidade.

Uma guerra palpável, sustentação de paz, 
A morte existe e acontece agora, agora, agora.

Todos os dias, caem do tabuleiro os soldadinhas de chumbo. 
Enterramos cada soldada com carinho comovente, 
Consciente, da sua decomposição que levará quinhentos anos, 
Este breve sujeito de defesa, soldadinha de chumbo, 
Das meninas que tiveram a inocência de brincar de lutar, 
Com coragem de conhecer a criadora do jogo, perder e vencer, 
Na mesma jogada de mestra, conquistaram uma carta coringa, 
Que avança muitas casas, faz vencer e perder, numa jogada. 

A vida é um conhecimento, a morte, uma formatura.

V

Um corpo possuirá alma, sempre, sentimentos e sensações,
Mesmo quando os braços só articularem em uma única direção,
Mesmo quando o tronco estiver só sustentando um bloco inútil.
Mesmo quando as palavras diárias for apenas para propaganda,
Naquele corpo que trabalha, ao resistir, existe uma alma sentida,
E uma alma saberá votar, representará suas imagens políticas, sempre.

Sim, todos morreram, esta é a alternativa correta. 
E os não que morreram ainda, morrerão naturalmente.

O que preocupa é aquilo que não se vai assim, 
Estas coisas que não flutuam sobre os rios da morte, 
Não deságua, são inférteis, fedem e faz lacrimejar, 
Estes corpos petrolíferos que não viram pó, 
Coisas nossas que viverão mais que vós, 
Comunicarão ao futuro de inteligência ímpar, 
Escrituras sem palavras em plataformas plásticas, 
Uma mensagem astral patética e estúpida, 
Nossas vidas resumidas dos momentos infelizes, 
Que dedicamos o ar e a terra que tivemos, 
Entre prateleiras de supermercados. 

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