sexta-feira, 14 de julho de 2017

A parábola das arquiteturas catedráticas do meu coração esotérico

Hans Vredeman de Vries

Eu nasci para ser um padre, 
em um corpo de terra indígena, 
que de branco tecido colonizado, 
chora e aparenta ser uma gueixa, 
de que o pó de arroz tem feijão, 
e tão claro como a nossa ancestralidade,
é um mulherão de pau,
  que de facetas é feito um samurai, 
a buceta e a capoeira. 

Costureiro, coso, as linhas numerológicas que a geografia das navegações hispano-lusitanas traçaram a, V, séculos, amigavelmente, hipócrita, pisaram e pisam nesta praia sagrada como quem pisa nas fezes do cão do vizinho, e fizeram fortes, as sentinelas sem sentido e a teatralidade jesuítica fundaram aqui, em um ponto preciso do calendário crístico, um capítulo da história da desumanidade explorada pelas capitais euro alguma coisa da era deste tempo-espaço cujo qual ainda comunico. 

A língua portuguesa e a literatura universal, meu pobre teatro brasileiro, tudo o que me resta como preciosidade e virtuose, que negócio paradoxal, um pequeno empreendimento criativo, de economia espetacular, corpo e retórica, lógica, oratória, deitada em geometrias gramaticais, colcha de culturas, cestaria antropológica, sonoplastia ritual e astronomia. Minhas palavras são queijo, de lactose indigesta aos intestinos delgados das crianças mentais, que fermento é, vermifugado de filosofias carnívoras contemporâneas, a gelatinosa poieses semiótica, clássica salada de máximas acadêmicas e discursos autobiográficos. 

Falo do cêntrico de mim, na recepção do meu pós-drama pessoal, palanque da cultura em que vivo, humildemente nesta interface blogosférica que domino, dominó das palavras masturbatórias que cunho, uma atrás da outra, como centopeia humana, expressão em dança da liberdade farsesca, o auto da existência latina, texto místico iniciático pedagógico, a sagração da linguagem performática antropófaga pós-moderna. 

Onde queres revolução, sou metodologia contemporânea,
Onde queres conservação, sou amor e filosofia do teatro.

Meu corpo é uma companhia de personagens involuntários e meus membros representam-me, meus olhos me olham com angústia e curiosidade, os espasmos e a ansiedade coreografa um solo violento e gentil, sinto a complementariedade holística dos meus vinte dedos, preparando meu corpo para escrever um livro sagrado, com o movimento da minha coluna vertebral, minha voz e minha vocação.

Esta peça não espectadora-se,
De coberta que não se descobre.
O culto se permacultura se oculto.
Na brincadeirinha cheia de graça,
O sagrado trocadilho dos meninos,
Jogo de imagens e ações, quebra-cabeça,
A dizer absurdo para os cenários realistas.
Poetisa de propósito, engajada e mágica.


Poderá ser esta comunicação alguma produção de conhecimento? Seria este eu-lírico que disserta, doutor suficiente para sentar na cadeira de mármore e mogno de onde se assina com penas de ouro as doutrinas universitárias que regem minhas próprias lógicas de observação da coisa com minhas palavras autorais? Que tipo de natureza é essa que impregna meus seios entre bibliotecas e salas de ensaio? Tal, qual a razão da minha paixão pelos laboratórios? Que sentimento é esse que habita meu coração quando caminho pelos corredores das escolas secundárias? De qual abordagem participa este ambiente de aprendizagem donde me matricula a vida que vivo?

O teatro me ensinou a aprender,
Desde então, meu coração é só expressividade,
E partituras, batendo como quem quer implodir,
O peito, abrir as costelas como um armarinho,
Expor o interior, ser revolucionária, museologia,
Pegar um vidro de formato esotérico, pigar sete gotas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário